Léo;
Venho pensado cada dia mais em morte. Eu não gosto de fazer o Wherter kind of style. Eu gosto de sorrir, mas cada vez que abro a boca, alguém invisível e mais forte esmurra a minha cara. E isso acontece repetidamente, toda vez que tento ser feliz. O que me consola é saber que sou jovem e que o tempo destrói tudo. Sei que um dia o mundo acabará e poderei sorrir e ninguém estará vivo até lá para me esmurrar. O mundo todo virando um cogumelo de fogo e eu vou implodir, adentrar em mim, me transformar numa tartagura e rir dentro de mim. Mas agora não. Agora eu só penso em morte, e é involuntário. Eu queria estar em Hiroshima. Queria sentir o cheiro de todas aquelas pessoas mortas e talvez até beijar uma na boca, porque minha vida é tão melhor que a de todo mundo, mas eu nasci doente, eu nasci sem vontade de viver, e é isso que me perturba. Não adianta tu me chamar de mimado, tu me mostrar como a minha vida é boa. Eu sei disso, eu realmente sei. Eu apenas não ligo a mínima. Eu estou triste, estressado e pensando em morte, como geralmente acontece. Eu queria ser comido por uma tribo canibal. Eu não ligo a mínima. Mate-me ou mate a minha família, nada mais importa. Tristeza pela tristeza, não tenho vontade de viver. Vou me deitar ali e esperar tu me trazer café. Mais um cigarro e o gosto da morte perfuma toda a minha boca. Na verdade só tem gosto de cascalho quente. Minha mãe devia ter me trocado na maternidade, porque eu vim com defeito. Moço, meu filho nasceu meio estranho, olha esses olhos, não param de chorar...
Há pessoas passando fome na África, há mulheres sendo torturadas no Irã. Ninguem sou eu, tenho dinheiro, amigos e saúde, apenas sou frio por dentro, e nada disso faz sentido.
Um comentário:
"Ninguem sou eu, tenho dinheiro, amigos e saúde, apenas sou frio por dentro, e nada disso faz sentido. "
Lindo.
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