Léo;
Choro por antecedência a inevitável morte de meus pais
Estou em um carro ouvindo antigos sambas que parecem atuais
É feriado (e eu nem sei de quê)
Viajei, fui á Santos, fui a praia, fui ao bar, enchi a cara
Nunca me senti tão livre, Léo, e nunca me senti tão triste
O sol me queimou o rosto e eu fechei os olhos
E tu aparece na parede de minhas pálpebras
Agora estou num carro seguindo uma ambulância
Não ouço nada, minha mãe está lá dentro
Agora sei, Léo, quando o ambiente está hostil
Quando o clima está tenso
É em ti, meu amor, que penso.
E minha mão procura em vão a tua.
Nunca me senti tão vazio.
Nem Deus sabe o quanto desejei que tu brotasse do nada, do fundo do mar,e viesse a mim deixando um rastro de água na areia e me abraçasse e me dissesse que não era nada, que tudo vai ficar bem, que não é nada, que tudo vai ficar bem.
Agora estou voltando pra São Paulo.
Estou chorando e está chovendo.
E há tanto de ti em mim
Que aonde quer que eu vá
Te tenho em pensamentos.
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