quinta-feira, 15 de abril de 2010

Léo;

Não há nada atualmente que me faça vibrar por.
Cadê, Léo, o amor? Aquela paixão que eu tinha por viver e pelas coisas simples que eu tinha comigo. Eu lembro quando eu lia um quadrinho e aquilo me bastava, me satisfazia. Quando eu saía contigo e só teus beijos já faziam a vida valer a pena. Agora tudo é tão vazio. Estou anestesiado. Nã me inflamo mais para falar de arte. Não sei mais o porquê de fazer o que faço. Qual é o papel do fotógrafo, do cineasta, na sociedade? Como posso pensar em criar quando minha vida está tão vazia? Do nada, nada surge. Se não há algo aqui que me motive a acordar no dia seguinte, como posso criar? Estou falando de amor, Léo. Se não me sinto desejado, se não há alguem com quem eu me importe mais do que comigo mesmo, se não há alguem com quem eu possa vislumbrar um futuro, então, Léo, a vida não vale a pena. E se a vida não vale a pena, a arte não vale a pena. E eu, como artista, morro.
Eu cheguei em curitiba e fiquei com uma, duas, três, quatro gurias, mas pra quê, Léo? Se eu não sinto? Se não há o que sentir. Eu não sou um coelho, um cachorro no cio. Eu sou um homem. E sentir é o que me difere dos outros animais (vegetarianos discordariam de mim, e talvez eles estejam certos e eu seja hipócrita mesmo). E se eu não posso sentir, então que me sacrifiquem como se sacrifica um boi e venda minha carne para que eu seja comido e nada mais reste. Eu só quero sentir, saber de novo o que é o amor, o que é aquele êxtase, aquela catarse ao ver uma obra de arte. Mas se isso me é negado, então eu prefiro a morte.

Nenhum comentário: