Léo;
Eu não sou uma criança, eu tenho um monstro em mim.
A gente sai por aí sendo inconsequente, irresponsável, imaturo, idiota e por que? No final, a que isto se resume?
Eu tenho um monstro em mim e as vezes (quase sempre) eu preciso levar ele pra passear e o que acontece quando eu o solto da coleira é isto, meu bem. A gente sai e fica bêbado, trepa, fala merda, perde dinheiro, se machuca, dorme em um lugar e acordo no outro e isto se resume em que? Qual o ponto? Qual o maldito ponto em ser um idiota? Se divertir? Eu não me divirto fazendo isso, eu me constranjo. Eu faço isso porque eu tenho um demônio dentro de mim e eu tenho medo dele me dominar, então as vezes eu o alimento, eu o trato bem, eu faço o que ele quer fazer, mas eu não gosto. Eu não gosto de me dividir em dois assim. O Pedro sensível que escreve e tira fotos e gosta de cinema e literatura e arte e ó que bonitinho, o pequeno pedro, o jovem pedro, o pedro imaturo, o pedro sonhador... e este outro Pedro, vergonhoso, bêbado, com tesão, sangue no olho, este animal, primitivo, esse lobo, esse elefante que eu tenho dentro de mim, esse maníaco, esse doente mental, que eu tenho dentro de mim, esse monstro... Eu sou um monstro. Eu sou Pedro, o Monstro. Eu tenho uma desculpa. Mas os outros...os outros são apenas um bando de idiotas.
Eu sou quem sou aqui para não ser quem sou aqui fora daqui. Imagine, Léo, se eu ficasse me lamentando assim o tempo inteiro? Pra ti eu me entrego, meu bem. Eu me apaixono, eu falo o que eu quero, eu deixo sair tudo o que me atormenta pelo mundo a fora e aqui dentro de mim, mas quando eu termino de falar contigo, meu amor, aí eu sou outro. Eu sou um monstro e só me movo instintivamente. Ás vezes eu tenho vontade de morder a cara de alguem fora. Eu acho que fiz isso ontem, mas não recordo. Então, amor de minha vida, não, tu não vais ver este Pedro aqui, que escreve cartas e oh meu deus, como ele se apaixona e se lamenta da vida, como ele é triste e tem uma história sofrida... não, querida, eu sou um monstro, eu sei que sou, eu não vou me desculpar por ser quem sou, mas eu me desculpo sim por ser quem eu não sou e fazer o que eu não faço e agir como um demônio às vezes.
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