Quantas vezes bateu meu coração desde que nasci? E se soubesse, que diferença faria?
Sou feliz por ser eu mesmo, aliás, quem mais eu seria?
Se vivo é pra alimentar o hábito.
Quero conhecer o desconhecido. Viver uma realidade cotidiana extraordinária e nada menos.
O amor é um paliativo. Sou mesmo um filho ingrato de uma vida de absurdos. Belo e inútil tu e eu, belo e inútil todo o mundo, belo e inútil a própria vida. No entanto o humano cresce, sem perceber que se repete.
A natureza, a história, o pensamento, fractais feito um brócoli.
Todo lado tem um oposto.
Sou mais da inércia que da moção, sigo o fluxo ou nem me movo. É meu direito ser esquerdo.
Ter ódio e amor no coração, usá-los para construir.
Estou certo de tudo e mesmo que esteja errado, estarei certo disso.
Eu continuo existindo mesmo se ninguem me ver.
Quanto pesa um pensamento?
E se formos uma praga, sanguessugas de um planeta jovem? Em minhas veias rola sangue sumério.
Paro petrificado diante do fato de que tudo é tão insólito e sem-sentido.
Não vou mover uma pedra, não vou fazer a diferença. Vou viver e morrer como todos vocês. A vida nos enterrará a todos.
Retenho em meu coração o que solapa minha inocência. Não existe um vício, um desvio de conduta com o qual eu não me identifique.
Se os olhos do assassino é da cor do meu, perdôo de antemão.
Tenho meus próprios problemas e se não tivesse arranjaria um. Todo mundo precisa de um drama pra viver. Cabeça vazia, oficina do diabo.
A vida na terra, um clássico na estante dos deuses.
A voz na minha cabeça é a única que eu ouço, que aventura sê-la e não conhecê-la.
Novo, velho, rico ou pobre, serei eu, só que outro. Ainda que outro, continuo preso na jaula de mim mesmo.
Não sei ser anfitrião, estou eternamente de visita por aí.
Escrever minha própria bíblia, minha própria constituição. Sou promotor, juiz e réu de minhas ações. Sou meu próprio Deus, pois sei que estou sozinho neste mundo de milhões.
Quiçá eu nem exista, seja apenas energia desenfreada. Um restolho de poeira estelar que persiste em brilhar após a morte.
Viver, um eterno adeus a minha inocência.
Você é um amontoado de passados preso num presente. E é outro agora. E outro agora também…
Não tenho provas de nada do que digo, mas soam como verdades para mim.
É esse meu jeito calado de ser e amar as coisas.
O privilegiado, logo ele o mais ingrato.
O mundo é dos que tem mais certezas do que dúvidas.
Total desespero, total desamparo.
Não se conhece outra vida além da que se tem.
Amar e sofrer, estar vivo e morto ao mesmo tempo.
O destino tem planos para todos, mas para alguns só resta a indiferença de saber que viver ou estar morto é quase a mesma coisa.
Quis orar, mas sou ateu. O desespero nos faz fazer coisas questionáveis.
Eu só quero parar de sofrer e parar o sofrimento.
Só respondo por este de agora, o que já foi, já foi. Não sou maior que o espaço que me cabe, nem maior que a idéia de mim mesmo.
Você ainda luta contra esse tipo de questão? Luto sim, batalha árdua contra as perguntas que se fazer por si próprias em meu interior.
Belo por do sol, belos tu e eu e esta tarde em que as horas passam preguiçosas
É inútil acostumar-se a uma situação variável.
Não existe nada além daquilo em que me transformo a cada segundo.
Antes do fim da rua me espera meu carrasco, pronto a navalhar-me, já estava a sua espera. Pois que venha a vontade a minha morte, e se acabe, e se exima, eu nem me lembro mais.
Comico perder o controle sobre o labirinto que é meu raciocínio.
Os traumas são plurais, sobrevive o mais forte.
É impossível passar incólume pela vida.
A terra continua a girar se eu me parar.
A verdade pouco me interessa, o que me mesmeriza é a idéia que as pessoas fazem de si mesmas.
Eu continua tendo existido, ainda que você nunca tenha a chance de me conhecer. E se me conhecesse, que diferença faria?
Criar é uma tentativa de ser mais que a carcaça que me isola.
Que não me leiam nem me ouçam falar. Que eu seja só mais um sussurro mudo na cova que me é destinada. Em minha lápide, só meu nome que não significa nada. Eu continuo morto se você me visitar.
Espectral por natureza, será que de fato existiu? Ou foi só eu desejando que ela existisse?
Olhar na cara da verdade fundamental com toda a crueza e brutalidade que se absorve do âmago latejante dos múltiplos e labirínticos talvezes, tão próprios do factual. Tens coragem de negá-la?
E quem vai perguntar se eu sabia ou não instalar um chuveiro quando eu me for?
Esta viagem é uma pedra, tão sólida e cheia de segredos.
Aqui é a nuance, o mistério, o também que guilhotina a hegemonia de tua limitada experiência.
Quando caminho, é o mundo que gira embaixo dos meus pés.
Sem temer nada, pois a vida é imortal.
Eu continuo vivo ainda que os mosquitos me chupem o sangue e o sol peide mais forte e me seque todo.
Tudo tão noite vazia.
Vejo mais claro agora com os olhos turvos de uísque.
Só eu e esta gata de testemunhas desta noite, tem pessoas com menos certezas.
Ah, se tu visses o invisível que por não ve-lo mesmo é que o provo real.
Estou lúcido o suficiente para ser reticente, o que mais poderia ser?
Olha que eu sei do que digo, embora todos pensem o mesmo.
Afinal, o que é meu? Se não sou dono nem deste nariz que filtra o ar?
Oh necessitades vitais e fisiológicas, constantes enigmáticas.
Para que ar, comida, sono? Que espécie de projeto é esse? Tem formiga neste angu.
Só sei que sou tabagista. Falo pelo simples prazer de me expor.
Posso falar a noite toda, mas quem ouviria? Não importa, continuarei a dizer, sobretudo se não prestarem atenção. Sou minha própria platéia, meu maior admirador e meu crítico mais feroz.
Você não vê nada. É sempre a luz e nunca a própria coisa.
O drama do artista é não ter ilusões.
Todos temos fronteiras, já que finitos em nossa plenitude.
Sai nuvem, da frente do meu desejo.
Tudo tão aleatório, deve ser real.
Sou um produto multifacetado demais pra ser graça. Complexo demais pra ser inútil.
Se a cachaça é forte também sou eu.
Tenho só minha voz e este corpo que me delimita. Sou assim, absurdo por conciência.
Você não faz a menor idéia, você não entende nada, só minhas palavras. Minha voz, meu único órgão que transcende para além de si mesmo.
Minha melancolia tem vida própria, minha tristeza é irracional, meu blues é regado a ácido.
As coisas são espelhos, refletem apenas a faceta das coisas que as damos.
Quando você me vê, o que você pensa? Quando você me enxerga, que idéia você têm?
Perdi a linha de racioncínio que me mantinha em pé. Caiu o imperador que habitava em mim.
Parei, a meio gesto, súbtamente imóvel ao questionar-me. Por quê é uma palavra labiríntica.
Um paradigma e um paradoxo, ao mesmo tempo a chave e a prisão. Saí as ruas e vi o avesso do mundo, o mundo as avessas. Eu crescendo pro passado e vivendo meu futuro. Morrendo enquanto sei-me eterno.
Em 24 horas eu vivo a eternidade perecível. Vêm falar de eternidade pro meu fim-próximo, meu coração fraco, meus pulmões sem ar, minha mão estendida pedindo mais vida, mais tempo!
Me sinto mais anestesiado sóbrio, o absurdo é absolutamente plausível. Se é inacreditável, provavelmente é verdade.
Antes eu tinha medo do mundo, hoje o mundo deve me temer.
Meu espírito oscila e me trespassa. Dele nada retenho além do vulto, do sopro, dentro e fora de mim. Como um átomo se comporta.
Me enebriei por muito tempo, esfumacei meu cérebro até ele secar feito um queijo.
Nada têm essência, pois tudo que é denso, é oco, de um sentido ou de outro.
Crise nervosa paralisante, eu chamo isto de amor.
Carregamos os fardos que escolhemos que carregar.
Aconteça o que acontecer, não tema, é apenas você mesmo.
Não me apresse, assisto meu fim placidamente.
Continuo mortalmente alienado do que independe de mim.
Continuo vivo ainda que não me esforce.
Todas as respostas jazem em minha carcaça.
Duas pessoas que acreditem em idéias diametralmente opostas, ambas acharão explicações plausíveis para justificar sua ignorância.
Tudo é possível e só acreditamos nas mentiras que escolhemos acreditar.
A verdade inegável, essencial, primordial, é inatingível, uma vez que multifacetada.
Fui além de mim pra ter certeza que há vida além vida. E quando achares que morreste, estarás vivo ainda, só que morto, porém vivo.
No meio da frase, vou para um lugar tão dentro de mim que não sei aonde é.
Quando criança corríamos até o coração bater na boca e sabíamos sem saber estar acelerando nossa morte. Pousava minha mão infantil em meu peito e absurdava-me a conciência de meus órgãos, de meu coração que esbravejava pedindo espaço além da jaula que é meu tórax.
Desmagnetize sua cabeça. Abale, perturbe seu ponto de equilíbrio. Sua quarta dimensão, aonde pode tatear o abstrato e sentir a fibra de que é feito.
Eu não sou visto. Não sou eu isto. A luz me atinge, isso é tudo.
Me surpreendo com teu lugar-comum.
A miséria do pobre é a mesma do rico, mas o rico tem dinheiro.
A esperança se disfarça com nossas roupas, mas é a mesma quando nua.
Pra entender o que é estar vivo, só vivendo e nem assim.
Absoluto na minha solidão, na ilha que é meu corpo, única terra em que sou rei.
Não se transforma em nada além do que se é agora.
O momento é inefável, incapturável.
O momento é inefável, incapturável.
Belo como a luz pálida do lusco-fusco nas begônias do pomar.
Um mesmo coração, ritualístico, escolastico, de uma amplitude total, um mesmo organismo, indistanciável, inexcomungável, no rítmo, orquestrando o zumbido da vida.
Encurralado por mim mesmo. Enjaulado em minhas limitações, condenado por meus caprichos, ferramenta de reforço a minha individualidade embolarada.
A conciencia do constante apodrecimento de tudo faz companhia ao meu remorso.
Sigo a maré, refém das circunstácias e dos presságios. Não sou dono de mim, mas sim dos meus desejos.
Um dia chuvosso, desses que inibe qualquer esperança. Qualquer dia desses vou me atirar na frente de um ônibus. Qualquer dia desses, sim, você verå, um corpo estatelado, mas não serei eu, apenas minha super-ultrafície.
Só quem viajou na velocidade da luz conhece o ruído do universo.
Só quem bebeu o vinho dos deuses conhece a osquestra celestial.
E não precisa ser músico pra acompanhar a partitura.
Basta deixar que música te arreste pelo pé até a verdade.
Sim, ser meu próprio xamã.
Também Hitler sorria.
Minha presença de espírito está ausente.
Também eu me reciclei, e a cada metamorfose, aproximo-me mais do homem que realmente sou.
O vilão do vilarejo, o soldado em sarajevo, o chumbo chinês.
Sozinho como um morto. Certamente tão frio quanto um morto, e tão calado.
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