domingo, 30 de agosto de 2009

Léo,

Falar contigo é uma viagem aos meus interiores mais obscuros. Trechos do que sou e nao sabia de repente parecem óbvios demais como se fossem a parte que nao escondo, mas o que mostro. Vem a superficie tudo aquilo que tento parecer nao ser. Toda minha vulnerabilidade, baixa-estima, mesquinhez e vilania saltam como a única coisa que possuo, mas nao é verdade, tu bem sabes, eu amo, eu sou capaz de amar, eu te amo. Eu nao sou a pessoa mais feliz do mundo mas eu te amo e eu sei o que é amar, tu sabes. Estou cansado de me martirizar, estou cansado de ser o guri do rosto delicado de criança com olhos tristes, que se esconde atrás de compridas barba para parecer mais forte e maduro do que sou, que se esconde atrás de óculos para parecer mais maduro do que realmente sou. Eu sou uma criança e começo a pensar que sempre serei. A educaçao sentimental do vampiro nao termina nunca, é eterna, e quando eu penso que aprendi alguma coisa descubro cada vez mais que nao sei nada. Nao sei quem sou, nao sei o que sei, nao sei o que serei, mal sei que nada sei. Cada dia é uma montanha russa, um misto de auto-confiança com profunda depressao e ignorancia. Meus lábios em carne viva e as paredes quentes e umidas de minhas bochechas sao provas. Eu me mordo tanto. Me puno, por ser tao idiota e patético. Ainda choro tanto, é quase como um vento. Andando, distraído e como uma epifania, meus olhos enxarcam antes mesmo de pensar em ti. Ruas pelas quais passamos. Lugares que frequentamos, que beijei tua boca numa época que a minha boca nao era pra mim esse poço de estranheza que hoje é. Minha boca é uma metáfora. Tenho tres dentes do siso para extrair, estou com a mordida torta e meus labios permanentemente rachados. Uma estalido do lado esquerda toda vez que abro a boca um pouco mais que o normal. Por fora, normal, mas como a sinto, essa distorçao, é como realmente me sinto. Me sinto uma boca estranha. Minha risada nunca mais foi doce, meu humor é ácido e corrosivo, baseia-se hoje basicamente em fazer comentarios maldosos sobre conhecidos, me sinto melhor quando rebaixo os outros dessa forma. Ninguem mais me agrada, não faço mais novos amigos e num medo insano mantenho meus velhos amigos mais perto do que nunca estiveram. Todos parecem tao feios. Meu pau nunca mais foi o mesmo, ninguem me excita como tu me excitava. Ele pode até subir, mas eu sempre sei que ele pode fazer melhor, mas ele parece com preguiça, nao sente mais a necessidade de se esforçar por quem pra ele e pra mim nada significa, entao desisti tentar. Perdi o interesse pelas pessoas. Perdi a confiança na humanidade. Vivo a espera de que um dia alguem fará meu coraçao bater mais forte como tu, alguem fará aquela velha ânsia no meu estomago voltar, tenho fé, mas por enquanto eu vou levando, vivendo sem viver, esperando que o tempo cure da mesma forma que destrói. Esperando não sei que.

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