quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Léo;

Isto é desumano, Léo. Isto é errado. Você está errada em agir assim, Léo. Eu me importo, eu sinto falta, eu amo. Não faz isso, Léo. Não finge que não existe. Não finge que eu não existo. Fala comigo, Léo. Diz que me ama tambem, que me quer, que vai ser só e toda minha. Mente pra mim e me deixa feliz, Léo. Vamos fingir que as coisas são simples, Léo, que a gente se gosta e que a gente fica junto e que tá tudo azul com a gente. Vamos esquecer da arte, Léo, da razão, da consciência e virar bicho. Viver por instinto. Ainda tenho teu perfume na minha lingua, Léo. Ainda tenho o lápis do teu olho na minha lingua, Léo. Metade da saliva da minha boca veio da tua, Léo. Não faz isso, Léo. Não beija ele, não beija ninguem, não trepa com ninguem. Tu pode achar que tu é um ser humano imenso e que por isso tu precisa de outras pessoas pra se sentir mais viva e intensa, mas tu não sabe, Léo. Eles vão tirar sua vitalidade. Eles vão tirar teu brilho. Eles não te vêem como eu te vejo, eles não te vêem completa como eu te vejo. Eu não quero tirar nada de você, eu quero somar, eu quero ficar grande com você, amar é se expandir, Léo, e eu quero ficar grande com você, vamos crescer, Léo. Mas os outros não, os outros vão te roubar, os outros vão te tirar o que eles não tem pra si, tu sabes que tu tem coisa pra caralho, que tu é um ser humano extraordinário, mas tu estás cometendo um erro, Léo. You are making a mistake. Eles vão te roubar, só eu vou somar, Léo. Só eu tenho algo pra te oferecer que ninguem mais tem. Não adianta procurar nos outros, Léo, tu não vai achar. Só eu tenho isso, só eu, só eu, só eu. Amar é se expandir, Léo. Cresce comigo.

Um comentário:

June disse...

“Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu queria amar o que eu amaria - e não o que é. É também porque eu me ofendo a toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário(…). Eu que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu.”